Sabemos que alunos superdotados são muito mais complexos do que suas notas altas ou médias de teste sugerem. E enquanto todos esperam certas peculiaridades, outras os pegam de surpresa: uma reação estranha ao som, uma explosão repentina de lágrimas ou uma necessidade de se levantar em momentos inoportunos durante a aula.
Kazimierz Dabrowski identificou cinco tipos de “superexcitabilidade” que ele acreditava estarem associadas à superdotação: intelectual, psicomotora, imaginativa, sensual e emocional.
Essas mesmas superexcitabilidades também dificultam que esses alunos trabalhem dentro dos limites de uma sala de aula. Uma dificuldade enfrentada por eles é a possibilidade de ser percebido de forma negativa, ou até mesmo patológica, especialmente em contextos educacionais.
As superexcitabilidades e sensibilidades podem ser mal interpretadas nesses ambientes. Em 2006, Mendaglio e Tiller constataram que a ligação entre superexcitabilidade e superdotação era menos clara do que se acreditava anteriormente.
Como você pode reconhecer cada aluno em suas superexcitabilidades? Veja os conceitos abaixo.
Superexcitabilidade intelectual: Demonstrando curiosidade, questionamento e perspicácia, costumo fazer perguntas que surpreendem as pessoas, estabeleço conexões inesperadas e chego a conclusões que ultrapassam o conteúdo tradicional.
Superexcitabilidade imaginativa: Motivado pela criatividade e pelo amor por histórias e mundos fictícios, posso me perder em devaneios, desenhos ou outras atividades mentais enquanto um professor fala de forma monótona. Minha intensa imaginação pode levar a contar histórias elaboradas que podem parecer mentiras, mas são apenas expressões da minha rica criatividade.
(1) Superexcitabilidade sensorial: recebo uma quantidade maior de informações sensoriais do que o comum, reagindo de forma intensa a sons, luzes, texturas ou sabores. Essas reações podem ser positivas, levando a um desejo de explorar mais, ou negativas, resultando em aversão ao estímulo. Essas peculiaridades sensoriais podem se manifestar de maneiras únicas, como a preferência por certas texturas ou sensações.
(2) Superexcitabilidade psicomotora: apresento uma grande quantidade de energia, refletida em comportamentos inquietos, fala acelerada e atividade física intensa. Essa agitação pode ser confundida com TDAH, mas na verdade é uma expressão da minha superexcitabilidade psicomotora.
(3) Superexcitabilidade emocional: situações de tragédia, injustiça ou reflexões sobre a mortalidade podem desencadear respostas emocionais intensas em mim, caracterizando a superexcitabilidade emocional. Embora possa parecer dramático ou em busca de atenção, na verdade, apenas experimento emoções de forma mais profunda, manifestando compaixão, empatia e cuidado intensos pelos outros.
(4) Superexcitabilidade imaginativa: Impulsionados pela criatividade e pelo fascínio por histórias, desenhos e mundos fictícios, os alunos com essa superexcitabilidade podem se perder em devaneios, rabiscar ou encontrar outras formas de entretenimento mental enquanto um professor monótono ministra a aula. Com sua imaginação intensa eles podem inventar histórias que parecem mentiras (embora não seja essa a intenção). Por exemplo, uma criança pode contar detalhadamente sobre uma viagem a um país estrangeiro, mesmo sem ter ido. Também é comum ouvir relatos de pais sobre seus filhos que compartilham histórias sobre um bebê em casa, mesmo que não haja nenhum bebê presente. Essas narrativas imaginativas, vistas como estranhas, fazem parte do desenvolvimento infantil e são superadas com o tempo.
(5) Superexcitabilidade intelectual: demonstrando curiosidade, questionamento e perspicácia, uma criança com superexcitabilidade intelectual faz perguntas que surpreendem, estabelece conexões inovadoras e chega a conclusões que ultrapassam o conhecimento convencional. Elas buscam aprofundar-se em temas interessantes, discutir conceitos teóricos e absorver o conteúdo de forma mais rápida do que o esperado. Elas têm uma sede de conhecimento que as impulsiona a explorar além dos limites tradicionais e a desafiar o status quo com suas análises e interpretações.
Impactos na sala de aula: qual é a relevância das SE para o cotidiano do professor?
Identificar essas superexcitabilidades pode ser fundamental para lidar com questões na sala de aula:
- Se uma aluna fizer muitas perguntas minuciosas durante a aula, ela pode estar demonstrando superexcitabilidade intelectual. Uma estratégia eficaz seria conceder-lhe um tempo no computador para explorar e responder a essas perguntas.
- Quando um aluno se envolve intensamente no mundo fictício de um filme ou livro, isso pode indicar superexcitabilidade imaginativa. Nesse caso, é importante oferecer a essa criança oportunidades criativas e contínuas para expressar esses sentimentos. Um projeto criativo e aberto, como uma atividade “o que fazer quando terminar?”, pode ser uma excelente alternativa.
- Se ações inquietas estiverem gerando ruídos perturbadores durante a aula, o aluno pode estar experimentando superexcitabilidades psicomotoras. É essencial proporcionar opções para que ele se movimente, construa objetos e libere essa energia de forma construtiva.
- Uma reação exagerada a um som na sala de aula ou comportamento agitado devido a roupas pode indicar uma sensibilidade sensorial elevada em um aluno. Para lidar com essa situação, é importante investigar a causa raiz do problema, identificando especificamente o que está incomodando o aluno. Isso pode envolver sons, imagens ou texturas que estão desencadeando essa reação.
Ao compreender exatamente o que está causando desconforto ao aluno, é possível estruturar o ambiente de forma a evitar esses estímulos desagradáveis. Essa abordagem centrada no aluno pode contribuir significativamente para criar um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e acolhedor.